quarta-feira, 3 de abril de 2013

Faleceu o dono da Confeitaria das Famílias.







Li, com muita tristeza e saudade, a nota que comenta o falecimento do sr. Manuel Rodriguez Garcia, dono da famosa  CONFEITARIA DAS FAMILIAS na Rua 15 de Novembro em Curitiba, cujos folhados e demais doces encantaram os curitibanos e turistas, sendo ponto obrigatório de encontro para as pessoas de paladar refinado.



---


Muitos dos doces dispostos na vitrine da Confeitaria das 
Famílias – que encantavam os olhos e o paladar –, nas últimas 
cinco décadas, foram produzidos ou montados pelas mãos de 
Manolo. Neste meio século, o espanhol da Galícia foi um dos 
confeiteiros de uma das casas mais tradicionais de Curitiba. Lá,
 voltava-se no tempo ao cruzar as portas e entrar no clima 
europeu. O sotaque do confeiteiro era mantido com 
saudosismo. Ao deixar a Espanha no pós-guerra, em 1958,
 Manolo levou 13 dias para cruzar os mares. Ele, a cunhada 
Elza e dois sobrinhos vieram em busca da terra prometida 
pelo irmão Ramon, que tinha vindo antes.
Na província de Pontevedra, Manolo era pedreiro. Mas, ao
chegar ao Brasil, era certo que lidaria com outro tipo de
massa. O aprendizado da arte da confeitaria com o primo
Jesus, então proprietário da Confeitaria das Famílias, em
Curitiba, já estava acertado. E aprendeu com maestria a
elaborar massas folhadas, rechear canudos e tortas. Pela
manhã, era possível ver Manolo no balcão, com seu guarda-pó
branco, atendendo e trocando um dedo de prosa com os 
clientes-amigos que fez ao longo dos anos. À tarde, seu destino 
era a produção na fábrica.

                                      Arquivo da família /
De hábitos simples, Manolo viveu para o trabalho. Solteiro,
morou durante os últimos 55 anos no andar superior da 
confeitaria. E era ele o responsável em abrir e fechar o velho
casarão localizado na Rua XV de Novembro. Se não estava
trabalhando, mantinha algumas rotinas. Às quartas-feiras, ia à 
novena da Igreja do Perpétuo Socorro; às sextas-feiras, ao
jantar na casa do irmão Ramon e da cunhada Elza para
colocar em dia as notícias da família; e, no sábado, ia comprar 
frutas e verduras na feira do Passeio Público. De vez em
quando, frequentava a Sociedade Espanhola. Perseverante e 
amante do que fazia, só deixou o balcão, as formas e afins aos
83 anos, no último mês de novembro.

Fonte: Gazeta do Povo






  

Nenhum comentário:

Postar um comentário