sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Os azeites mentirosos.

Em teste de qualidade realizado pela Proteste, oito marcas de azeite extravirgem foram reprovadas por fraude contra o consumidor, ou classificação diferente da indicada no rótulo. Dos 20 produtos testados quatro foram eliminados e outros quatro não são indicados para compra.  

A Proteste pediu a retirada dos produtos do mercado.
Em quatro marcas analisadas – Figueira da Foz, Tradição, Quinta d`Aldeia (reincidentes) e Pramesa – a análise em laboratório comprovou adulteração do produto, com adição de outros óleos vegetais, o que não é permitido por lei. Isso significa que esses azeites não tinham apenas a gordura proveniente da azeitona – o que os classifica como extravirgens – e coloca em risco uma das propriedades primordiais do azeite: favorecer a saúde.

Nas outras quatro marcas – Qualitá, Beirão, Carrefour Discount e Filippo Berio – embora tragam a palavra extravirgem na embalagem, a análise sensorial apontou que eles eram apenas virgens. Isso significa que, na hora da compra, você paga mais caro por um extravirgem, mas leva um produto diferente para casa.

Apesar desses problemas, cinco marcas que haviam sido avaliadas como virgens no teste de 2013, agora apresentam um azeite  de fato extravirgem: La Española, Carbonell, Serrata, Gallo e Borges.

O produto melhor avaliado no novo teste, segundo a Proteste, foi o Cocinero, indicado como autêntico azeite extravirgem, que apresentou excelente qualidade, apesar de sua embalagem de plástico (garrafas de vidro escuro tendem a conservar melhor o alimento). Além disso, obteve o melhor custo-benefício entre os produtos analisados. Entretanto, o produto ainda precisa de adequações no rótulo, uma vez que não informa a data de envase.

Fonte: Veja

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O restaurante mais antigo do mundo.

O restaurante mais antigo do mundo.


Quantas portas de entrada têm Madrid?

Para descobrir contei algumas.

As mais antigas eram quatro, quando  a cidade apenas um povoado.

Ao contar as portas descobri que Madrid é uma grande praça, cercada de pequenas cidades. E, nesta existem algumas vias de trânsito lento e outras somente para pedestres. 
É limpa, respeitosa e ao mesmo tempo barulhenta. 
Os barulhos são diversos. 
Das conversas altas nas ruas, principalmente das vozes femininas; dos sinais de trânsito que emitem um barulho para chamar atenção sobre o tempo disponível para os veículos e para os pedestres. E, principalmente dos barulhos de pratos, talheres e copos vindos dos bares e restaurante. Estes sim afugentam os ouvidos mais sensíveis...

Afora os barulhos, turistas e o calor nesta época do ano, Madrid é perfumada. Há os perfumes dos ciprestes, das alfazemas e dos jamons pendurados nas entradas dos locais exclusivos para tapas.

Ao circular pelas proximidades do Mercado de São Miguel, descendo a calle de Cuchilleros parei para descansar em frente ao número 17. 

Já passava das 19 horas, mas a luz do sol era intensa.

- É aqui. É aqui, disse Mme. M.L.

- Aqui, o quê ? Interroguei, assustado.

É aqui o local que o Sr. C. de Oliveira nos recomendou...

Lembrei de uma conversa que tivera ainda em Curitiba com o bom amigo C. de Oliveira que visitou alguns meses antes o mesmo local e me havia dito que era o restaurante mais antigo em funcionamento.

Olhei para uma placa acima da porta de entrada:
Restaurante Sobrino de Botín ( Horno de Assar).

É. É aqui mesmo, ainda meio gaguejando, e com suor nas mãos.

Me aproximei de uma janela lateral à porta principal, ainda extasiado pelo fato de estar diante de um verdadeiro monumento da gastronomia mundial.

Fiz uma detalhada leitura de um certificado concedido pelo Guinness, o livro dos Recordes. Lá consta e registra o local como o mais antigo restaurante em funcionamento.

Desde 1.725 !!!

Uau!!! Onde fui parar?

Ainda com a respiração irregular fui me afastando daquele local para retornar no dia seguinte, com reserva confirmada para as 21 horas.

Confesso que passei o dia seguinte apreensivo para o que viria acontecer naquele local.
Traje social como convém, cheguei no horário reservado.

 - Mesa para dois.

- Esta. Apontou o gentil atendente, para uma, com dois lugares, na sala de entrada.
Olhei detalhadamente para as paredes, com tijolo à vista, a toalha de linho branca, os pratos de aparência simples e talheres adequados, bem como os copos e taças.

Com o cardápio de opções racionais pedi o ” menu da casa, para a estação primavera e verão”, que consiste em um Gazpacho , leitão assado e sobremesa, além de pão, vinho, cerveja e água mineral.

Mme. M.L., pediu um bacalhau grelhado com molho de tomates.

Silencio.

Vieram os pães, quentinhos.

Em seguida o vinho, encorpado, frutado, com um toque de carvalho.
O gazpacho, frio, adequado para o verão.

E as atrações: o bacalhau em uma terrine, foi servido em partes.

E, o leitão.

Veio tenro, crocante por fora, com um tempero equilibrado, acompanhado de batatas assadas no mesmo molho. E, deve ser comido com nacos de pão molhados no tempero.
O leitão é assado no antigo forno -  arquitetura mourisca  -  que depois de  quase três séculos de construção ( desde1.725 )ainda  assa leitões da região da Segovia , que são uma das atrações da Casa. Para aquecer é usado madeira de carvalho que confere ao animal um aroma único. Com abertura exterior e a porta aberta torna menor a temperatura e o processo de cozimento mais demorado, cozido, para  obter o ponto de excelência e qualidade do leitão e cordeiro assado ao estilo tradicional.

Foi consumido aos poucos. Sem pressa. Cadenciado. Sorvido, como se eu quisesse receber todos os conhecimentos que por ali passaram.

Quanta história...

Guerras, conflitos, amores, crises, seduções, feitiços, fortunas...

- ???

Bem à minha frente, um jovem que havia terminado de jantar retira uma camisa e expõe uma regata. Devolve a camisa ao garçom. Emprestada. Porque alí não se permite trajes inadequados.

Aprovei a sobremesa, uma tortilha de maças, levemente aquecida e com massa crocante. E um sorvete feito na Casa.

Após , o  gerente Sr. A. González Bennike, me convidou para conhecer as outras salas onde são servidas as refeições. E, por fim, o forno, datado de 1.725 e em funcionamento até hoje.

-Há um registro de que Goyá, o pintor, trabalhou aqui por um período, disse, com orgulho, o Sr. Bennike.

Não é pouca história...

SERVIÇO
Restaurante Sobrino de BOTÍN
Calle Cuchilleros, 17
Madrid – Espanha




Edson Luiz Vieira, jornalista.